O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
- Jeffaunz

- 6 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 8 de jul.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, é uma condição do neurodesenvolvimento que geralmente se manifesta nos primeiros anos de vida e acompanha o indivíduo ao longo de toda a sua existência. Essa condição afeta principalmente três áreas: a comunicação, a interação social e o comportamento. A maneira como os sintomas se apresentam pode variar significativamente entre os indivíduos, tanto em tipo quanto em intensidade — e é justamente por isso que se utiliza o termo "espectro".
Pessoas diagnosticadas com TEA podem enfrentar dificuldades para compreender normas sociais, expressar emoções ou manter conversas, além de apresentarem comportamentos repetitivos e sensibilidade a estímulos sensoriais como luzes, sons, cheiros, texturas ou sabores. Esses desafios podem interferir diretamente na forma como elas se relacionam com o mundo e com outras pessoas, levando diversas vezes o individuo a ter crises ("Shutdown" e "Meltdown").

Sintomas do TEA
Os sintomas do autismo variam de pessoa para pessoa, mas costumam ser identificados em três grandes domínios: interação social, comunicação verbal e não verbal, e padrões comportamentais restritos ou repetitivos.
Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
Dificuldade para manter contato visual, como evitar olhar nos olhos durante uma conversa.
Limitações em reconhecer expressões faciais ou emoções alheias, o que dificulta a compreensão de sinais sociais, ironias ou posturas corporais.
Comportamentos repetitivos, como balançar o corpo, bater as mãos ou repetir palavras/frases (ecolalia).
Hipersensibilidade sensorial, que pode gerar reações intensas diante de sons altos, cheiros fortes, texturas de roupas, sabores específicos, entre outros.
Preferência por rotinas rígidas, com resistência a mudanças no ambiente ou na rotina diária.
Dificuldade no uso funcional da linguagem, que pode incluir atraso na fala ou dificuldade em iniciar e manter conversas.
Hiperfoco: é um estado de concentração profunda e intensa em um determinado interesse, seja ele um tema, uma pessoa, objeto, atividade, personagem entre outros. Essa concentração pode ser tão intensa que a pessoa pode parecer "desligada" do mundo ao redor, ignorando estímulos externos e outras tarefas.
Classificações Dentro do Espectro Autista
O transtorno é classificado em diferentes níveis ou subtipos, com base na intensidade dos sintomas e no grau de suporte necessário para que a pessoa lide com as demandas da vida diária:
1. TEA Clássico
É a forma mais reconhecida do transtorno. Os indivíduos com esse perfil tendem a ser mais introspectivos e apresentam dificuldades marcantes na comunicação e nas interações sociais. Podem não fazer contato visual, ter limitações no uso da linguagem e demonstrar comportamentos repetitivos e isolamento social. Em casos mais severos, pode haver ausência total de linguagem verbal e interação interpessoal.
2. TEA de Alto Funcionamento
Também conhecido como autismo leve ou antigo Asperger, esse tipo é caracterizado por sintomas mais brandos. A pessoa consegue se comunicar com mais fluidez, embora ainda possa ter dificuldades para entender nuances sociais e emocionais. Frequentemente, apresenta interesses muito específicos e aprofundados em certos temas, podendo se destacar em áreas como matemática, música ou tecnologia.
3. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação (PDD-NOS ou DGD-SOE)
Essa classificação abrange casos em que o indivíduo apresenta algumas características do TEA, como dificuldades na comunicação e socialização, mas não atende a todos os critérios para os outros subtipos. Por isso, é considerado um diagnóstico mais “atípico” ou intermediário dentro do espectro.
Diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista
O diagnóstico do TEA é complexo e deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, que pode incluir médicos (neuropediatras, psiquiatras), psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros profissionais.
O processo inclui:
Entrevistas com os pais ou responsáveis, para entender o histórico de desenvolvimento da criança.
Observação direta do comportamento, linguagem e habilidades sociais.
Aplicação de testes padronizados e escalas de avaliação específicas para TEA, como o ADOS (Autism Diagnostic Observation Schedule) e o ADI-R (Autism Diagnostic Interview-Revised).
No caso de adultos, o diagnóstico pode envolver conversas aprofundadas com psicólogos ou psiquiatras especializados, que avaliam padrões comportamentais persistentes desde a infância, ainda que mascarados por estratégias de compensação desenvolvidas ao longo da vida.
O diagnóstico precoce é considerado um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento e bem-estar da pessoa com autismo, pois permite intervenções direcionadas desde cedo.
TEA em Crianças e Adolescentes
Receber o diagnóstico de autismo em uma criança pode provocar reações diversas nas famílias, como surpresa, medo, alívio ou confusão. No entanto, a identificação precoce e o acesso a profissionais especializados são passos fundamentais para que a criança desenvolva ao máximo seu potencial.
Crianças com TEA podem:
Apresentar interesses restritos (foco intenso em determinados objetos ou temas).
Repetir movimentos como balançar-se, girar, bater as mãos ou morder-se.
Resistir a mudanças no ambiente ou nas rotinas diárias.
Ter dificuldade em brincar com outras crianças ou compartilhar interesses.
Durante a adolescência, muitos desses comportamentos podem mudar. Algumas crianças aprendem novas habilidades sociais e ganham autonomia, principalmente quando os sintomas são mais leves. Por outro lado, esse período pode trazer novos desafios emocionais e comportamentais, como ansiedade, depressão ou isolamento social, exigindo acompanhamento contínuo e apoio psicológico especializado.
A Importância do Acompanhamento e Tratamento
O tratamento para o TEA não tem como objetivo “curar” o autismo, mas sim promover qualidade de vida, autonomia e inclusão. As abordagens mais eficazes costumam ser multidisciplinares, envolvendo:
Terapia comportamental (como ABA - Análise do Comportamento Aplicada).
Fonoaudiologia, para desenvolver a comunicação verbal e não verbal.
Terapia ocupacional, que trabalha habilidades motoras e de rotina diária.
Psicoterapia, especialmente útil durante a adolescência e fase adulta.
Intervenção familiar, com orientação e apoio aos cuidadores e familiares.
A criação de um ambiente acolhedor, estruturado e com rotinas claras ajuda a pessoa com TEA a se desenvolver com mais segurança e confiança. Quanto mais cedo se iniciar o acompanhamento, maiores as chances de avanços significativos nas áreas de comunicação, socialização e autonomia.
Fonte de base: site do hospital Albert Einstein



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