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O autismo Severo

1. Definição clínica e critérios diagnósticos

O autismo severo corresponde ao nível 3 do TEA no DSM‑5, o mais intenso, que exige suporte substancial a muito substancial ao indivíduo. Esse nível inclui déficits marcantes na comunicação verbal e não verbal, comportamentos restritos e repetitivos que interferem drasticamente na vida diária, além de grande dependência para atividades básicas El PaísVerywell Health. Indivíduos nesse espectro podem ser não-verbais ou com linguagem muito limitada, QI possivelmente abaixo de 50, e necessitam frequentemente de cuidado integral ao longo da vida Verywell HealthVerywell Health.

O diagnóstico costuma ocorrer precocemente (por volta dos 2–3 anos de idade), dada a severidade dos sintomas Verywell Health.

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2. Epidemiologia e prevalência

Porcentagem de Autistas Adultos no Brasil

De acordo com o Censo Demográfico 2022 do IBGE, o Brasil tem 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), representando 1,2% da população total. Porém, os dados por faixa etária mostram que a prevalência do diagnóstico é muito maior em crianças e jovens, diminuindo nos grupos adultos.

Percentuais por Faixa Etária

  • Adultos de 18 a 24 anos: 0,9%

  • Adultos de 25 anos ou mais: 0,8% a 1,0% (varia conforme a faixa etária)

O Censo identificou que o diagnóstico é mais comum entre crianças e adolescentes. Já entre adultos, especialmente acima dos 25 anos, o percentual diagnosticado é inferior a 1%.

Considerações Importantes

  • Esses números se referem somente a pessoas diagnosticadas formalmente; subnotificação é comum, já que muitos adultos brasileiros ainda não recebem diagnóstico de TEA.

  • A metodologia do IBGE baseia-se em autodeclaração feita por alguém do domicílio — ou seja, podem existir pessoas adultas sem diagnóstico incluídas nessa estimativa.

Referências

Os dados oficiais são do Censo Demográfico 2022 do IBGE, divulgado em maio de 2025—primeira vez que o censo brasileiro trouxe dados específicos sobre autismo na população adulta.

Faixa Etária

% de adultos com diagnóstico de TEA

18 a 24 anos

0,9%

25 anos ou mais

0,8% a 1,0%

Resumo: Cerca de 1% dos adultos brasileiros têm diagnóstico de autismo, conforme os dados oficiais mais recentes.

Resumindo de forma prática e real, existem milhares de adultos no Brasil vivendo com o TEA e suas dificuldades, em diversos espectros e níveis sem um diagnóstico, acompanhamento e tratamento.


3. Fatores de risco e etiologia

  • Genética complexa: múltiplos genes envolvidos, mutações de novo (não herdadas) também desempenham papel importante, especialmente nos subtipos mais graves The Sun.

  • Algumas síndromes genéticas estão associadas a formas graves, como síndrome do X frágil, Rett, esclerose tuberosa, entre outras.https://www.verywellhealth.com/severe-autism-11722656

  • Fatores pré e perinatais aumentam o risco: prematuridade, hipóxia, hemorragia intraventricular, síndrome alcoólica fetal, infecções neonatais, exposição a metais pesados ou traumas perinatais são mais frequentes entre crianças com TEA PMC+7PMC+7Verywell Health+7.


4. Comorbidades médicas e psiquiátricas

4.1 Transtornos psiquiátricos

  • TDAH: presente em cerca de 50–70 % dos casos de TEA; é a comorbidade psiquiátrica mais comum Autism Spectrum NewsPubMedNCBI.

  • Ansiedade e depressão: ansiedade entre 26–30 %; depressão entre 13–26 % ou mais em adultos Autism Spectrum NewsNCB.

  • Outros: transtorno bipolar (~11 %), TOC (~7–10 %), esquizofrenia infantil e outros apresentam prevalência maior em comparação com a população geral Autism Spectrum

  • Transtornos psiquiátricos coexistem em 85 % dos casos, podendo levar a uso de psicofármacos em 35 %Autism Spectrum News.


4.2 Comorbidades neurológicas e físicas

  • Epilepsia: acomete entre 30 % a 60 % das pessoas com TEA; EEG anormal em até 60 %; pacientes com deficiência intelectual têm risco ainda maior PMCPubMed

  • Transtornos gastrointestinais são comuns (entre 46 % e 84 %), incluindo constipação crônica, refluxo, dor abdominal, intolerâncias alimentares PubMed.

  • Distúrbios do sono: até 80 % dos indivíduos com TEA podem apresentar insônia, apneia, despertares frequentes PubMed.

  • Macrocefalia, alergias, obesidade, distúrbios metabólicos e imunológicos são também mais prevalentes em comparação à população geral FrontiersSpringerLinkPubMed.

  • Mortalidade aumentada, frequentemente causada por complicações médicas como crises epilépticas, distúrbios gastrointestinais ou doenças cardíacas; expectativa de vida pode ser reduzida especialmente se houver epilepsia com deficiência intelectual.


5. Impacto funcional e cuidadores

  • Indivíduos com autismo severo geralmente não vivem de forma independente, necessitando cuidados diários e supervisão constante Verywell Health.

  • O impacto atinge todas as áreas: alimentação, higiene, locomoção, comunicação, regulação sensorial, interação social e segurança.

  • Cuidadores familiares enfrentam carga intensa, emocional, física e econômica, com necessidade recorrente de suporte profissional e comunitário Verywell HealthPubMed.


6. Intervenções e terapias disponíveis

  • Não há cura para o TEA, mas intervenções podem melhorar habilidades adaptativas e qualidade de vida:

    • ABA (Análise do Comportamento Aplicada) para redução de comportamentos desafiadores e aumento de habilidades.

    • Terapia da integração sensorial para reorganizar respostas sensoriais.

    • Treinamento de comunicação alternativa (como PECS, comunicação aumentativa e alternativa).

    • Tratamento medicamentoso para ansiedade, agitação, comorbidades psiquiátricas e crises epilépticas Verywell HealthVerywell Health.

  • Sempre associadas a um programa interdisciplinar (fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, apoio nutricional).


7. Perspectivas recentes e pesquisas emergentes

  • Estudos recentes sugerem subtipos genéticos distintos de autismo, com um grupo específico associado a formas mais graves e novas mutações de alto impacto The Sun.

  • Pesquisa identificou uma sequência de DNA de 24 letras essencial ao desenvolvimento cerebral (proteína CPEB4), cuja ausência pode estar fortemente ligada a muitos casos de TEA e que, eventualmente, pode abrir caminho para terapias direcionadas em adultos El País.


8. Síntese de dados principais

Aspecto

Dados principais

Prevalência de TEA

~1‑1,8 % da população infantil; ~27 % nível 3

Hereditariedade

~80‑90 %

Comorbidades psiquiátricas

ADHD em ~50‑70 %, ansiedade ~26‑30 %, depressão ~13‑26 %

Comorbidades neurológicas

Epilepsia em ~30‑60 %, EEG anormal em ~60 %

Gastrointestinal e sono

GI em 46‑84 %, distúrbios de sono em até 80 %

Causas de mortalidade

Complicações médicas – epilepsia, GI, doenças cardíacas

9. Considerações finais

O autismo severo é um quadro complexo de alta demanda de cuidados, amplamente influenciado por genética e também fatores ambientais pré-natais. Suas comorbidades – psiquiátricas, neurológicas e médicas – aumentam o desafio diagnóstico e terapêutico. Estratégias baseadas em evidência, personalização do cuidado e suporte contínuo à família são fundamentais para promover desenvolvimento, reduzir complicações e melhorar a qualidade de vida.

Referências bibliográficas principais (estilo Vancouver)

  1. Verywell Health. Understanding Severe Autism (Level 3) and Its Impact on Daily Life. Junho 2025. Verywell Health+1Verywell Health+1

  2. Verywell Health. What Is Severe Autism? [from 2010].

  3. SPARK comorbidity data: Prestes et al. Comorbididades médicas em TEA (2021). 

  4. Autism Spectrum News – Bennett, 2022: prevalência psiquiátrica em TEA. Autism Spectrum News

  5. PMC/Sleep & GI disorders review (Baishideng 2021). PubMed

  6. PMC Neurological comorbidities review (2021). PubMed

  7. Systematic review: prevalência de TEA e comorbidades pediátricas (2021). PubMed

  8. Epidemiologia global do autismo e mortalidade (Wikipedia e estudos associados).

  9. Princeton/Simons Foundation: subtipos genéticos do autismo (Julho 2025). The Sun

  10. Descoberta da proteína CPEB4 em TEA (El País, Dez 2024). El País

  11. IBGE 2022.

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Sobre mim

Sou um homem de 47 anos, autodidata, que cresceu sem estrutura famíliar e sem oportunidades de estudo, mas construiu sozinho uma carreira sólida em tecnologia. Vivi décadas dentro do espectro autista sem diagnóstico, sem tratamento e sem medicação. Hoje, acompanhado apenas da minha cachorra, compartilho minhas experiências para transformar dor em aprendizado e ajudar outras pessoas que vivem no TEA a encontrarem caminhos de acolhimento, força e pertencimento.

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